A alegria ainda morou na cabana, todo o tempo que as espigas de milho levaram para amarelecer. Uma alvorada, caminhava o cristão pela borda do mar. Sua alma estava cansada.

O colibri sacia-se de mel e perfume; depois adormece em seu branco ninho de cotão, até que volta no outro ano

a lua das flores. Como o colibri, a alma do guerreiro também satura-se de felicidade, e carece de sono e repouso. A caça e as excursões pelas montanhas em companhia do amigo, as carícias da terna esposa que o esperavam na volta, e o doce carbeto no copiar da cabana, já não acordavam nele as emoções de outrora. Seu coração ressonava.

Quando Iracema brincava pela praia, os olhos do guerreiro retiravam-se dela para se estenderem pela imensidade dos mares.

Viram umas asas brancas, que adejavam pelos campos azuis. Conheceu o cristão que era uma grande igara de muitas velas, como construíam seus irmãos; e a saudade da pátria apertou-lhe no seio.

O trecho acima integra o romance Iracema, de José de Alencar. Dele não se pode afi rmar que

  • a

    revela o arrefecimento das emoções do personagem, acometido por um sentimento que o distancia das ações cotidianas de seu grupo. 

  • b

    indicia a duração e a passagem do tempo, marcadas por fenômeno da natureza. 

  • c

    revela mudança dos humores causada pelo sentimento de saudade por um bem antigo e distante. 

  • d

    caracteriza um texto cuja linguagem se marca pela função emotiva, já que trata dos sentimentos do personagem.

No trecho apresentado, o narrador explicita a variação de emoções do personagem Martim entre a felicidade pela realização do amor com Iracema e a saudade de sua pátria, Portugal – trata-se, portanto, dos sentimentos da personagem. Entretanto, a linguagem aqui não se caracteriza pela função emotiva, marcada pela expressão do enunciador geralmente em primeira pessoa, o que não ocorre no excerto. O trecho se caracteriza como exemplo de exploração da função referencial, dado seu narrador em terceira pessoa.