(...) o Declaração Universal representa um fato novo na história, na medida em que, pela primeira vez, um sistema de princípios fundamentais da conduto humana foi livre e expressamente aceito, através de seus respectivos governos, pela maioria dos homens que vive no Terra. Com essa declaração, um sistema de valores é - pelo primeira vez no história - universal, não em principio, mas de fato, na medida em que o consenso sobre suo validade e suo capacidade de reger os destinos do comunidade futura de todos os homens foi explicitamente declarado. (...) Somente depois da Declaração Universal é que podemos ter o certeza histórica de que o humanidade - toda o humanidade -partilha alguns valores comuns; e podemos, finalmente, crer na universalidade dos valores, no único sentido em que tal crença é historicamente legítimo, ou seja, no sentido em que universal significa não algo dado objetivamente, mas algo subjetivamente acolhido pelo universo dos homens.

N. Bobbio. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campos. 1992. 

A Declaração Universal mencionada no texto

  • a

    foi instituída no processo da Revolução Francesa e norteou  os movimentos feministas, sufragistas e operários no decorrer do século XIX.

  • b

    assemelhou-se ao universalismo cristão, que também resultou no estabelecimento de um conjunto de valores partilhado pela humanidade.

  • c

    desenvolveu-se com a inclusão de princípios universais pelos legisladores norte-americanos e influenciou o abolicionismo nos Estados Unidos.

  • d

    foi aprovada pela Organização das Nações Unidas e serviu como referência para grupos que lutaram pelos direitos de negros, mulheres e homossexuais na década de 1960.

  • e

    originou-se do jusnaturalismo moderno e consolidou-se com o movimento ilustrado e o despotismo esclarecido ao longo do século XVIII.

No excerto, Noberto Bobbio apresenta a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU (1948) como estruturante para a construção, após a IIª Guerra Mundial, de um novo patamar de direitos e de sua universalização.

O referido documento, por se tratar da síntese dos direitos naturais, serviu como base para os mais diversos movimentos sociais e políticos a partir da segunda metade do século XX, como os que lutaram pelos direitos dos negros, das mulheres e dos homossexuais na década de 1960.