TEXTO 1
A água sai de Cabrobó
Parnamirim, Salgueiro
Até Jati
Deixe o rio desaguar doutor
Pra acabar
Com o sofrimento daqui
O São Francisco
Com sua transposição
No meu Nordeste
O progresso vai chegar
[...]
Na contramão
O meu sertão não vai ficar
(Aracílio Araújo. 'Deixe o do desaguar". www.letras.mus.br.)
TEXTO 2
Os vazanteiros, que fazem horticultura no leito dos rios que perdem fluxo durante o ano, serão os primeiros a serem totalmente prejudicados. Mas os técnicos insensíveis dirão com enfado: "a cultura de vazante já era", postergando a realocação dos heróis que abastecem as feiras dos sertões. A eles se deve conceder a prioridade em relação aos espaços irrigáveis a serem implantados com a transposição. De imediato, porém, serão os proprietários absenteístas1 da beira alta e colinas sertanejas que terão água disponível para o gado, o que agregará ainda mais valor às suas terras.
(Aziz N. Ab'Sáber. "A quem serve a transposição das águas do São Francisco?". CartaCapital, 22.03.2011. Adaptado.)
1absenteísmo: sistema de exploração da terra em que o proprietário confia sua administração a intermediários, empreiteiros, rendeiros ou feitores.
As perspectivas expressas nos textos 1 e 2 podem ser associadas, respectivamente, aos seguintes impactos ambientais provenientes da transposição das águas do Rio São Francisco:
Dentre as perspectivas expressas no texto 1, destaca-se a relação entre a transposição do São Francisco e a chegada do progresso no Nordeste, demonstrando uma maior dinamização da economia regional. Já o texto 2 cita o fato de vários proprietários absenteístas agregarem maior valor às suas terras em decorrência da maior disponibilidade de águas, assim indicando um aumento na especulação imobiliária nas áreas agricultáveis beneficiadas pela transposição.