Em 1500, fazia oito anos que havia presença euro peia no Caribe: uma primeira tentativa de colonização que ninguém na época podia imaginar que seria o prelúdio da conquista e da ocidentalização de todo um continente e até, na realidade, uma das primeiras etapas da globalização. 

A aventura das ilhas foi exemplar para toda a América, espanhola, inglesa ou portuguesa, pois ali se desenvolveu um roteiro que se reproduziu em várias outras regiões do continente americano: caos e esbanjamento, incompetência e desperdício, indiferença, massacres e epidemias. A experiência serviu pelo menos de lição à coroa espanhola, que tentou praticar no resto de suas possessões americanas uma política mais racional de dominação e de exploração dos vencidos: a instalação de uma Igreja poderosa, dominadora e próxima dos autóctones, assim como a instalação de uma rede administrativa densa e o envio de funcionários zelosos, que evitaram a repetição da catástrofe antilhana. 

(Serge Gruzinski. A passagem do século: 1480-1520: as origens da globalização, 1999. Adaptado.) 

Os problemas ocorridos na colonização das ilhas do Caribe podem ser considerados "exemplares para toda a América", pois geraram 

  • a

    a identificação de uma grande oportunidade, para nativos e europeus, de conviver com outros povos e desenvolver a tolerância e o respeito a valores morais e culturais diferentes. 

  • b

    o temor, nos indígenas, diante da ambição europeia e a percepção, pelos europeus, da dificuldade de estruturar o empreendimento colonial e manter o controle de terras e povos tão distantes. 

  • c

    o início de um longo conflito entre os europeus e as populações nativas, que provocou perdas humanas e financeiras nos dois lados, inviabilizando a exploração comercial da América. 

  • d

    a formação de uma elite colonial que recusava submeter-se às ordens das coroas europeias e dispunha de plena autonomia na produção e comercialização das mercadorias. 

  • e

    o reconhecimento, pelos europeus, da necessidade de instalação de feitorias no litoral para a segurança dos viajantes e a aceitação, pelos nativos, da hegemonia dos conquistadores.

O excerto da questão apresenta as dificuldades da conquista e colonização europeia no Caribe. Nesse sentido, tal experiência teria sido exemplar, para os europeus, por evidenciar as dificuldades do empreendimento colonial na América (guerras, doenças, clima); para os indígenas, pela brutalidade das conquistas que iriam acontecer nos anos subsequentes.