Fim de semana no parque

Olha o meu povo nas favelas e vai perceber
Daqui eu vejo uma caranga do ano
Toda equipada e o tiozinho guiando
Com seus filhos ao lado estão indo ao parque
Eufóricos brinquedos eletrônicos
Automaticamente eu imagino
A molecada lá da área como é que tá
Provavelmente correndo pra lá e pra cá
Jogavam bola descalços nas ruas de terra
É, brincam do jeito que dá
[...]
Olha só aquele clube, que da hora
Olha aquela quadra, olha aquele campo, olha
Olha quanta gente
Tem sorveteria, cinema, piscina quente
[...]
Aqui não vejo nenhum clube poliesportivo
Pra molecada frequentar nenhum incentivo
O investimento no lazer é muito escasso
O centro comunitário é um fracasso

RACIONAIS MCs. Racionais MCs. São Paulo: Zimbabwue, 1994 (fragmento).

A letra da canção apresenta uma realidade social quanto à distribuição distinta dos espaços de lazer que

  • A

    retrata a ausência de opções de lazer para a população de baixa renda, por falta de espaço adequado. 

  • B

    ressalta a irrelevância das opções de lazer para diferentes classes sociais, que o acessam à sua maneira. 

  • C

    expressa o desinteresse das classes sociais menos favorecidas economicamente pelas atividades de lazer. 

  • D

    implica condições desiguais de acesso ao lazer, pela falta de infraestrutura e investimentos em equipamentos. 

  • E

    aponta para o predomínio do lazer contemplativo, nas classes favorecidas economicamente; e do prático, nas menos favorecidas.

Na descrição do usufruto de mecanismos de lazer por diferentes classes sociais, a letra da canção coloca em destaque instrumentos de exclusão. Segundo esses mecanismos, embora o “povo nas favelas” tenha espaço público de diversão, como as “ruas de terra”, onde “brincam do jeito que dá”, não conta com a mesma infraestrutura das classes mais favorecidas. Enquanto estas contam com “parque” onde figuram “brinquedos eletrônicos” e um “clube poliesportivo”, nas favelas “o investimento no lazer é muito escasso”.