Este ano, em sua primeira edição, o vestibular da Santa Casa solicitou que o candidato produzisse uma dissertação sobre um tema atual: OS DESAFIOS DO JORNALISMO NA ERA DA PÓS-VERDADE.
A proposta de redação apresentou uma coletânea rica, propícia, portanto, para que o candidato fizesse uma escolha bastante variada de teses e argumentos, centralizando sua análise nos DESAFIOS ENFRENTADOS PELO JORNALISMO diante dessa questão. Elencamos, a seguir, algumas informações e opiniões importantes da coletânea que poderiam nortear a análise do tema e a produção da dissertação:
Texto 1
- A definição de pós-verdade retirada do dicionário Oxford, segundo a qual “os fatos objetivos têm menos influência para definir a opinião pública do que o apelo à emoção ou às crenças pessoais”.
- A afirmação de que o conceito é um fenômeno mundial, ainda que tenha se iniciado a partir do Brexit e da eleição presidencial americana.
- O posicionamento do autor de que a pós-verdade é uma má notícia para o jornalismo tradicional e que a internet é um terreno fértil para a propagação de pós-verdades.
- A visão objetiva dos fatos, “a isenção jornalística e a independência editorial” ficam ameaçadas pela visão mais subjetiva das relações políticas, econômicas e jurídicas.
Texto 2
- A produção de notícias falsas e as “guerras contra a imprensa” não são acontecimentos atuais.
- As pós-verdades têm por intuito o favorecimento dos interesses de um grupo específico.
- A instantaneidade da propagação de fatos provoca uma onda na circulação das informações, principalmente entre grupos de interesses e crenças afins.
- O antídoto contra as falsidades seria o exercício do “bom jornalismo”, que se traduz como a responsabilidade pela difusão da “pluralidade dos pontos de vista”, ainda mais em se tratando de questões polêmicas e da complexidade do mundo moderno.
- Há sites que se especializaram em falsas notícias e que as exploram comercialmente.
- Há uma maior preocupação quando o fenômeno se associa à política, que se aproveita desse contexto para cercear a prática jornalística em vista de benefícios eleitorais.
Texto 3
- O autor do texto credita ao jornalismo que “cultiva o pensamento único” o advento e a disseminação da “pós-verdade” por meio da internet.
- Os veículos de comunicação têm perdido a credibilidade porque leem o mundo pela “ótica estrita de seus interesses” e definem as notícias e a visão de mundo sem considerar a complexidade da modernidade. Nesse contexto, não cabem a dúvida nem a reflexão sobre o que se noticia, o que é nocivo para a isenção que se deveria buscar.
- O jornalismo está se tornando uma fonte a mais de informação e de convicções, uma vez que o público não mais confia nele irrestritamente.
- A fragmentação das fontes de notícia, aliada à falta de confiança nos tradicionais órgãos de imprensa eleva as redes sociais ao status de divulgadoras da verdade, apesar do preconceito e da ignorância que muitas vezes as caracterizam.
Seguem alguns encaminhamentos para a discussão dos desafios de se fazer um jornalismo sério e objetivo diante da competição com as redes sociais e sua onipresença na vida moderna:
- Adotar explicitamente posicionamento diante de polêmicas sociais e questões políticas, em vez de mascará-las sob uma pretensa imparcialidade.
- Mudar a concepção de que o jornalismo detém a verdade, assumindo deliberadamente que deve buscá-la.
- Lutar contra a “comercialização” das verdades.
- Incorporar a pós-verdade nas pautas a fim de, comparando diferentes versões dos fatos, mostrar os perigos da disseminação inconsequente de informações.