As ancas balançam, e as vagas de
dorsos, das vacas e touros, batendo
com as caudas, mugindo no meio,
na massa embolada, com atritos de
couros, estralos de guampas, estrondos
e baques, e o berro queixoso do gado
junqueira, de chifres imensos, com
muita tristeza, saudade dos campos,
querência dos pastos de lá do sertão ...
“Um boi preto, um boi pintado,
Cada um tem sua cor.
Cada coração um jeito
De mostrar o seu amor.”
Boi bem bravo, bate baixo, bota baba,
boi berrando ...
Dança doido, dá de duro, dá de dentro,
dá direito ... Vai,
Vem, volta, vem na vara, vai não volta,
vai varando ...
“Todo passarinh’ do mato
Tem seu pio diferente.
Cantiga de amor doído
Não carece ter rompante ...”
• O trecho acima integra o conto O Burrinho Pedrês, da obra Sagarana, escrita por João Guimarães Rosa. Dele é correto afirmar que
O fragmento do conto “O burrinho pedrês” apresenta trechos em prosa (que descrevem o movimento do gado) e em versos (que reproduzem o canto dos vaqueiros). Ambos são suscetíveis à escansão, isto é, à divisão silábica própria da poesia. Os trechos em prosa obedecem à estrutura da redondilha menor, isto é, versos de cinco sílabas (que devem ser contadas apenas até as sílabas tônicas, marcadas em negrito a seguir). Exemplos:
As / an / cas / ba / lan / çam
e as / va / gas / de / dor / sos
das / va / cas / e / tou / ros
ba / ten / do / com as / cau / das.
Já as cantigas executadas pelos vaqueiros trazem versos de redondilha maior, isto é, de sete sílabas. Exemplos:
Um / boi / pre / to um / boi / pin / ta / do
Ca / da / um / tem / su / a / cor
Ca / da / co / ra / ção / um / jei / to
De / mos / trar / o / seu / a / mor.