Ao analisar A primeira missa no Brasil, obra de 1860, feita por Victor Meirelles e exposta atualmente no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, o historiador Rafael Cardoso inseriu o quadro no gênero da pintura histórica. Para o autor, tal gênero “deveria partir de um grande e elevado tema e mostrar o domínio do pintor de um amplo leque de informações não pictóricas. Ou seja, em meados do século XIX, tanto a correção da indumentária representada quanto o espírito cívico da obra eram sujeitos a exame detalhado. O quadro teria grandes formatos, composições complexas e perfeito acabamento. A realização de uma pintura assim poderia levar anos e geralmente correspondia a um atestado de amadurecimento do pintor.”
(Adaptado de Rafael Cardoso, A arte brasileira em 25 quadros
(1790-1930). Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2008, p. 54-55.).
a) Explique as razões pelas quais podemos considerar que a obra em questão é baseada em uma noção de história oficial e heroica.
b) Qual era a visão predominante dos integrantes da Semana de Arte Moderna de 1922 em relação à arte acadêmica? Justifique sua resposta.
A obra A primeira missa no Brasil retrata uma história oficial e heroica, que exalta o papel do europeu católico como o civilizador da população ameríndia.
Nesse sentido, identifica-se na parte central da pintura o culto religioso evidenciado inclusive por maior luminosidade. Em contraposição, os indígenas ocupam espaço periférico no quadro em óleo tomado por tons escurecidos.
Com tais elementos, a obra descreve a visão do europeu e exclui a visão nativa acerca da chegada do português colonizador.
b) Na Semana de Arte Moderna de 1922, criticou-se a visão de arte acadêmica e sua metodologia europeizada como ultrapassada. Assim, os artistas buscavam criar uma nova perspectiva, e autêntica, de elementos nacionais, como o indígena, o caboclo, o sertanejo etc. Um exemplo foi a artista Tarsila do Amaral, que exaltou as realidades sociais brasileiras em suas pinturas.