O café passou a ser o produto das grandes fazendas doadas em sesmarias, enquanto a corte portuguesa residia no Rio de Janeiro. Na verdade, o café foi a salvação da aristocracia colonial. Foi também a salvação da corte imperial cambaleante, que, assediada por rebeliões regenciais e duramente pressionada a pagar pelas burocracias civil e militar necessárias para consolidar o Estado, foi resgatada pelas receitas do café que afluíam para a alfândega do Rio de Janeiro. Caso as condições de cultivo tivessem sido mais favoráveis ao café nas distantes e rebeldes cidades do Recife, Porto Alegre ou São Luís, seriam geradas forças centrífugas que teriam dividido o Brasil.
Warren Dean, A ferro e fogo. A história e a devastação da Mata Atlântica brasileira, 1996. Adaptado.
A partir do texto,
a) indique a localização geográfica da cultura do café no Império do Brasil, mencionando qual foi sua maior zona produtora;
b) caracterize a economia das províncias que, entre 1835 e 1845, rebelaram-se contra o poder central do Império.
a) As lavouras do café se desenvolveram durante o século XIX a partir da província do Rio de Janeiro, e ganharam, pelo Vale do Paraíba, a região de São Paulo até atingirem as terras do chamado Oeste Paulista, considerado a maior zona produtora.
b) As principais rebeliões regenciais eclodiram nas províncias do Pará, a cabanagem; Bahia, a Sabinada; Maranhão e Piauí, a Balaiada; e Rio Grande do Sul-Santa Catarina, a Farroupilha. No Pará, a economia tinha por base a extração de madeira e das drogas do sertão; a Bahia era movida pela cana-de-açúcar e pelo tabaco; o Maranhão, pelo gado e pelas drogas do sertão; e o sul tinha na pecuária e no mate suas bases econômicas, todas voltadas predominantemente para mercados externos, ainda que do mesmo porte do setor cafeeiro.