Sendo, pois, de duas espécies a virtude, intelectual e moral, a primeira gera-se e cresce graças ao ensino – por isso requer experiência e tempo –, enquanto a virtude moral é adquirida em resultado do hábito. Não é, pois, por natureza, que as virtudes se geram em nós. Adquirimo-las pelo exercício, como também sucede com as artes. As coisas que temos de aprender antes de poder fazê-las, aprendemo-las fazendo; por exemplo, os homens tornam-se arquitetos construindo e tocadores de lira tocando esse instrumento. Da mesma forma, tornamo-nos justos praticando atos justos, e assim com a temperança, a bravura etc.

(Aristóteles. Ética a Nicômaco, 1991. Adaptado.)

Responda como a concepção de Aristóteles sobre a origem das virtudes se diferencia de uma concepção inatista, para a qual as virtudes seriam anteriores à experiência pessoal. Explique a importância dessa concepção aristotélica no campo da educação.

O texto afirma claramente a concepção de Aristóteles segundo a qual as virtudes são fruto do hábito ("aprendemo-las fazendo"). Nesse sentido, rejeita-se a visão inatista, inclusive no campo das virtudes morais, que, por serem ensinadas, requerem experiência ao longo do tempo. A partir daí, percebe-se a importância da educação na ética aristotélica, como prática essencial para a formação do sujeito.