Predomina neste movimento uma tônica mais cosmopolita, intimamente ligada às modas literárias da Europa, desejando pertencer ao mesmo passado cultural e seguir os mesmos modelos, o que permitiu incorporar os produtos intelectuais da colônia inculta ao universo das formas superiores de expressão. Ao lado disso, tal movimento continuou os esboços particularistas que vinham do passado local, dando importância relevante tanto ao índio e ao contato de culturas, quanto à descrição da natureza, mesmo que fosse em termos clássicos.
(Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira, 2010. Adaptado.)
Tal comentário refere-se ao seguinte movimento literário brasileiro:
O comentário de Antonio Candido adapta-se perfeitamente à descrição do Arcadismo. Esse movimento literário desejou compartilhar o mesmo “passado cultural” europeu, na medida em que suas referências eram as da tradição greco-latina, permitindo aos letrados do Brasil colônia o uso de “formas superiores de expressão”. Ainda que se aproximasse de referências europeias, o Arcadismo brasileiro também trabalhou a figura do índio e do encontro das culturas europeia e americana em poemas célebres, como o Caramuru, do frei Santa Rita Durão, e O Uraguay, de Basílio da Gama. Cabe salientar que as referências a “produtos intelectuais da colônia” impedem a associação do trecho crítico ao Romantismo, escola literária que se consolida em pleno período imperial da história brasileira.