Na crise, viramos fantoches na rede

Quando um fato de grande repercussão social ocorre, o primeiro impacto é o congestionamento. Todos buscam se comunicar, gerando sobrecarga nas linhas de celular, tornando o acesso à internet móvel lento ou inexistente.

Logo a seguir vem a onda de incerteza e desinformação. No anseio da busca por notícias rápidas, começam a circular na rede vários dados falsos ou imprecisos, que são replicados massivamente. Estudos mostram que as informações falsas circulam três vezes mais que as corretas, publicadas depois. O dano é enorme.

A recomendação nesses casos é contraintuitiva: não replicar qualquer informação sem checá-la antes. Evitar o desejo de "participar" do acontecimento retuitando ou compartilhando informações vindas de fontes não confiáveis, por maior que seja o número de pessoas fazendo o mesmo. Nesses momentos de grande comoção e agitação, extremistas com agendas políticas deletérias aproveitam para fazer circular suas mensagens. Esse é um dos principais efeitos desejados pelo terrorismo contemporâneo: criar uma situação de grande agitação na internet e pegar carona nela para disseminar sua mensagem.

Situações como essas transformam as pessoas em veículos. Viramos agentes de disseminação ampla de mensagens pré-fabricadas, produzidas intencionalmente por algumas poucas fontes que sabem exatamente o que estão fazendo.

O objetivo não é o debate, mas mera ocupação de espaço. São teses e antíteses incapazes de produzir qualquer síntese. Não passam de narrativas pré-concebidas com o objetivo de ocupar espaço.

Ronaldo Lemos, Folha de S. Paulo, 28/03/2016. Adaptado.

Contrastam, quanto à variedade linguística a que pertencem, as seguintes expressões do texto: 

  • a

    onda de incerteza”; “sobrecarga nas linhas”. 

  • b

    “circular na rede”; “ocupar espaço”. 

  • c

    pegar carona”; “replicar qualquer informação”. 

  • d

    informações falsas”; “terrorismo contemporâneo”. 

  • e

    agentes de disseminação”; “narrativas pré-concebidas”.​

Parece que o enunciado pede que se marque a alternativa na qual se encontram expressões de variedades linguísticas diferentes. Pode-se admitir que isso ocorre em C, em que há duas expressões de variedades diversas: “pegar carona” (informal) e “replicar qualquer informação” (uso mais formal).