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O Comissário apertou-lhe mais a mão, querendo transmitir-lhe o sopro de vida. Mas a vida de Sem Medo esvaía-se para o solo do Mayombe, misturando-se às folhas em decomposição.
[...]
Mas o Comissário não ouviu o que o Comandante disse. Os lábios já mal se moviam.
A amoreira gigante à sua frente. O tronco destaca-se do sincretismo da mata, mas se eu percorrer com os olhos o tronco para cima, a folhagem dele mistura-se à folhagem geral e é de novo o sincretismo. Só o tronco se destaca, se individualiza. Tal é o Mayombe, os gigantes só o são em parte, ao nível do tronco, o resto confunde-se na massa. Tal o homem. As impressões visuais são menos nítidas e a mancha verde predominante faz esbater progressivamente a claridade do tronco da amoreira gigante. As manchas verdes são cada vez mais sobrepostas, mas, num sobressalto, o tronco da amoreira ainda se afirma, debatendo-se. Tal é a vida.
[...]
Os olhos de Sem Medo ficaram abertos, contemplando o tronco já invisível do gigante que para sempre desaparecera no seu elemento verde.
Pepetela, Mayombe.
Mayombe refere-se a uma região montanhosa em Angola, dominada por floresta pluvial densa, rica em árvores de grande porte, e localizada em área de baixa latitude (4º 40’S).
Levando em conta essas características geográficas e vegetacionais, é correto afirmar que
O romance de Pepetela se desenrola em uma região da África ocidental denominada Mayombe, que dá título ao livro. O texto descreve um ambiente de baixas latitudes ao relatar a presença de uma floresta densa, com árvores de grande porte decorrentes de um clima quente e úmido.
Sabendo que o posicionamento latitudinal é um fator geográfico determinante do clima, o qual por sua vez é grande influenciador das características da vegetação de uma localidade, podemos constatar semelhanças em Mayombe com a floresta amazônica brasileira, devido à equivalência de alta irradiação solar e de pluviosidade da faixa latitudinal em que se situa, pois são condições típicas da zona equatorial.