Se pudesse mudar-se, gritaria bem alto que o roubavam. Aparentemente resignado, sentia um ódio imenso a qualquer coisa que era ao mesmo tempo a campina seca, o patrão, os soldados e os agentes da prefeitura. Tudo na verdade era contra ele. Estava acostumado, tinha a casca muito grossa, mas às vezes se arreliava. Não havia paciência que suportasse tanta coisa.

— Um dia um homem faz besteira e se desgraça.

Graciliano Ramos, Vidas secas.

Tendo em vista as causas que a provocam, a revolta que vem à consciência de Fabiano, apresentada no texto como ainda contida e genérica, encontrará foco e uma expressão coletiva militante e organizada, em época posterior à publicação de Vidas secas, no movimento

  • a

    carismático de Juazeiro do Norte, orientado pelo Padre Cícero Romão Batista.

  • b

    das Ligas Camponesas, sob a liderança de Francisco Julião.

  • c

    do Cangaço, quando chefiado por Virgulino Ferreira da Silva (Lampião).

  • d

    messiânico de Canudos, conduzido por Antônio Conselheiro.

  • e

    da Coluna Prestes, encabeçado por Luís Carlos Prestes.

A questão usa como mote a obra de Graciliano Ramos, Vidas Secas, publicada em 1938.
O pano de fundo do romance em questão é a vida do trabalhador rural diante do predomínio da concentração fundiária e da convivência do Estado com o enorme poder local do patrão.
Entretanto, no enunciado, pede-se o movimento social que questionou a ordem mencionada no período posterior à época da publicação, o que remete à alternativa B.
As Ligas Camponesas foram um movimento de trabalhadores rurais que perdurou de 1955 até 1964, como meio de mobilização dos camponeses, tendo como uma de suas principais lideranças o deputado Francisco Julião.