Nasceu o dia e expirou.
Já brilha na cabana de Araquém o fogo, companheiro da noite. Correm lentas e silenciosas no azul do céu, as estrelas, filhas da lua, que esperam a volta da mãe ausente.
Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai e vem, sua vontade oscila de um a outro pensamento. Lá o espera a virgem loura dos castos afetos; aqui lhe sorri a virgem morena dos ardentes amores.
Iracema recosta-se langue ao punho da rede; seus olhos negros e fúlgidos, ternos olhos de sabiá, buscam o estrangeiro, e lhe entram n’alma. O cristão sorri; a virgem palpita; como o saí, fascinado pela serpente, vai declinando o lascivo talhe, que se debruça enfim sobre o peito do guerreiro.
José de Alencar, Iracema.
É correto afirmar que, no texto, o narrador
A partir do segundo parágrafo, a narrativa é encadeada por meio de verbos conjugados no presente do indicativo (“brilha”, “correm”, “vai” e “vem”, por exemplo), conferindo maior vivacidade aos fatos narrados, aproximando-os do leitor. Esse tempo verbal contrapõe-se ao pretérito perfeito, no qual foram conjugados os eventos do primeiro parágrafo, e cria a impressão de que as ações narradas situam-se no tempo da enunciação, no qual se dá a leitura.