O escritor José de Alencar relata como ocorriam as reuniões do Clube da Maioridade, realizadas na casa de seu pai em 1840. Discutia-se nessas ocasiões a antecipação da maioridade do imperador D. Pedro II, então com apenas 14 anos, para que ele pudesse assumir o trono antes do tempo determinado pela Constituição. No fim da vida, José de Alencar rememora os episódios de sua infância e chega a uma surpreendente conclusão: os políticos que frequentavam sua casa na ocasião iam lá não porque estavam pensando no futuro do país, mas apenas para devorar tabletes e bombons de chocolate. Conforme o relato do escritor, os membros do Clube da Maioridade, discutindo altos assuntos na sala de sua casa, pareciam realmente gente séria e preocupada com os destinos do Brasil, até que chegava a hora do chocolate.
Para Alencar, a discussão política no Brasil se resumia a um “devorar de chocolate”, isto é, cada um defendia apenas seus interesses particulares e nada mais.
(Adaptado de Daniel Pinha Silva, “O império do chocolate”, emhttp://www.revistadehistoria.com.br/secao/leituras/o-imperio-do-chocolate.Acessado em 01/08/2016.)
Sobre o Golpe da Maioridade e a visão de José de Alencar a esse respeito, é correto afirmar que:
Os políticos do Partido Liberal, fundadores do Clube da Maioridade, foram os principais articuladores do golpe de Estado desferido em 1840. Desrespeitando-se a Carta Constitucional de 1824, antecipou-se a maioridade do Imperador D. Pedro II: com apenas 14 anos o menino tornou-se chefe de governo. Dessa forma, encerra-se o período regencial.
O texto do escritor José de Alencar faz referência a esse episódio político, enfatizando, de forma irônica, que as elites dirigentes não "estavam pensando no futuro do país", mas sim preservando seus interesses fundamentais: "devorar tabletes e bombons de chocolate".