“São Francisco botava o dedo nas feridas dos leprosos. Mas é que ele era um santo, fazia milagres, e ela é simplesmente Doralice Leitão Leiria, um ser humano como qualquer outro.”
(Érico Veríssimo, Caminhos cruzados. São Paulo: Companhia de Bolso, 2016, p.77.)
“ – Queres seguir a política? Então? Procura imitar Bismarck! Haverá padrão melhor?”
(Idem, p. 290.)
Os fragmentos acima captam um dos traços principais de Caminhos cruzados no que diz respeito à identidade narrativa das personagens. Considerando o conjunto do romance, tal traço consiste em uma
Muitas das personagens de Caminhos cruzados, de Érico Veríssimo, adotam modelos para sua conduta pessoal: Chinita se inspira em personagens vividas por grandes estrelas de cinema; João Benévolo sonha com atitudes próximas às de personagens românticas; o professor Clarimundo tem sonhos de grandeza intelectual no terreno das Ciências; Noel demonstra especial obsessão pela criação estética. Tais personagens compõem, assim, um teatro existencial e mundano, buscando construir uma imagem social que não guarda necessária correspondência com suas realizações pessoais.