Além de escrever Dom Quixote das crianças, Monteiro Lobato também leva o “cavaleiro errante” para o Sítio do Pica-Pau Amarelo.

Lá na varanda Dom Quixote conversava com Dona Benta sobre as aventuras, e muito admirado ficou de saber que sua história andava a correr mundo; escrita por um tal de Cervantes. Nem quis acreditar; foi preciso que Narizinho lhe trouxesse a edição de luxo ilustrada por Gustavo Doré. O fidalgo folheou o livro muito atento às gravuras, que achou ótimas, porém falsas.

- Isso não passa duma mistificação! - protestou ele. – Esta cena aqui, por exemplo. Está errada. Eu não espetei este frade, como o desenhista pintou - espetei aquele lá.

- Isto é inevitável - disse Dona Benta. – Os historiadores costumam arranjar os fatos do modo mais cômodo para eles; por isto a História não passa de histórias.

(Adaptado de Monteiro Lobato, O Picapau Amarelo. São Paulo: Brasiliense, 2004, p. 18.)

Na cena narrada,

  • a

    Dona Benta mostra a Dom Quixote que a história dele não é, de forma alguma, uma mistificação. 

  • b

    Dona Benta convence Dom Quixote de que as gravuras não refletem a História dos fatos. 

  • c

    Dona Benta concorda com Dom Quixote e critica o fato de a História ser fruto de interesses. 

  • d

    Dona Benta opõe-se a Dom Quixote e critica a forma como a história dele é narrada nos livros.

Ao afirmar que “isso é inevitável”, após a reclamação de Dom Quixote, Dona Benta demonstra que concorda com ele. Ela diz que “os historiadores costumam arranjar os fatos do modo mais cômodo para eles”, o que pode ser entendido como uma crítica: os arranjos visam a atender interesses.