“A vinda da Corte com o enraizamento do Estado português no Centro-Sul daria início à transformação da colônia em metrópole interiorizada. Seria esta a única solução aceitável para as classes dominantes em meio à insegurança que lhes inspiravam as contradições da sociedade colonial, agravadas pelas agitações do constitucionalismo português e pela fermentação mais generalizada no mundo inteiro da época, que a Santa Aliança e a ideologia da contrarrevolução na Europa não chegavam a dominar.”

Maria Odila Leite da Silva Dias. A interiorização da metrópole e outros estudos. São Paulo: Alameda, 2005.

O texto oferece uma interpretação da independência do Brasil, que implica

  • a

    o reconhecimento da importância do processo de emancipação, que influenciou a luta por autonomia na Europa e em outras partes da América, impulsionou a economia mundial e estabeleceu as bases para um pacto social dentro do Brasil.

  • b

    a caracterização da emancipação como um ato meramente formal, uma vez que ela não foi acompanhada de alterações significativas no cenário político, nem de reformas sociais e econômicas capazes de romper a dependência externa do Brasil. 

  • c

    o reconhecimento da complexidade do processo de emancipação, afetado simultaneamente por movimentos como os reflexos da Revolução Francesa, a Revolução do Porto, as disputas políticas na metrópole e na colônia e as tensões sociais dentro do Brasil.

  • d

    a caracterização da emancipação como uma decorrência inevitável do declínio econômico português provocado pela invasão napoleônica, pelo endividamento crescente com a Inglaterra e pela redução nos recursos obtidos com a colonização do Brasil.

A independência do Brasil ocorreu em um contexto complexo, marcado pelo impacto das ideias liberais iluministas, o movimento revolucionário da França e a revolta dos escravos do Haiti. Além disso, havia a ameaça de recolonização em Portugal, após a Revolução do Porto. Ademais, o Brasil tinha sofrido profundas mudanças com a vinda da Família Real portuguesa, incluindo a abertura dos portos, em 1808, e a elevação do Brasil a reino unido com Portugal, em 1815. Nesse contexto marcado por incertezas políticas e sociais, a elite agrária do Brasil produziu a independência, em aliança com D. Pedro.