a) A memória funciona como impulso narrativo em ambas as obras, afastando-as do registro objetivo e aproximando-as de relatos subjetivos. Em As meninas, o resgate de lembranças desencadeia monólogos interiores que revelam tanto fatos do passado quanto traços de personalidade e fragilidades das narradoras. Em Canção para ninar menino grande, a memória é trabalhada como “escrevivência”, transformando experiências vividas em matéria de escrita e preservando histórias que se entrelaçam à voz da narradora.
b) Em Canção para ninar menino grande, a memória sustenta a ancestralidade, a narrativa coletiva e a reelaboração simbólica das feridas, além de reforçar a consciência de que todo relato carrega marcas de incompletude. Já em As meninas, lembrar expõe dores íntimas, acentua a vulnerabilidade das personagens e evidencia rupturas que não encontram cura. A memória assume também um papel de testemunho histórico, especialmente quando surge o panfleto de um preso político relatando as torturas sofridas durante a ditadura militar.
