a) Os dois excertos estão associados ao contexto histórico do domínio colonial português na África. Nesse momento Angola e Moçambique ainda eram colônias (ou “territórios ultramarinos”) administradas por Portugal. Vale lembrar que esses territórios passaram por um processo tardio de descolonização.
b) Podemos perceber dois traços claros das relações de gênero no excerto indicado. Por um lado, o patriarcado, associado ao controle masculino sobre a mulher, inclusive naturalizando o uso da violência como forma “legítima” de controle do comportamento feminino. Por outro, a objetificação e submissão feminina, neste caso também vinculado a outro aspecto, a poligamia, ao chamá-la de “minha primeira mulher”.
c) No plano do trabalho, o trecho mostra um ambiente de trabalho duro e perigoso, associado a uma lógica produtivista (“tempo é dinheiro”), com disciplina, exploração e pouca proteção. Nesse sentido, fica evidente a inexistência de regulação sobre o trabalho. No plano religioso, aparece um quadro de sincretismo: a comunidade recorre tanto a figuras vinculadas ao cristianismo (Mwando chega “levando a Bíblia”), quanto a práticas e autoridades locais (o “curandeiro Januário”), indicando a convivência entre catolicismo/evangelização, de origem europeia, e religiosidades africanas.
