a) A característica presente no texto e que é bastante comum na prosa machadiana é a interpelação ao leitor, em especial quando o narrador tece considerações sobre a narrativa (metalinguagem) ou, como no caso, quando reflete sobre a condição humana.
Talvez, senhores, pensem que enlouqueci.
Permitam-me fazer uma ressalva.
Digam-me!
b) Ele acredita que a suposição de sua loucura se deva à sua explicação da presença no homem de duas tendências opostas: a de ser “um animal predominante construtivo” e a de ser “apaixonadamente propenso à destruição e ao caos”. Ele considera que esse desejo de destruição é paradoxalmente um complemento ao desejo de construção, pois é “uma consequência do seu medo instintivo de alcançar o objetivo e completar a obra em construção”. Em resumo, por defender uma tese aparentemente incoerente – a de que o homem quer destruir aquilo que construiu –, os leitores talvez pensem que o escritor russo enlouqueceu.