Leia o soneto da poeta portuguesa Leonor de Almeida Portugal Lorena e Lencastre, também conhecida como Marquesa de Alorna, para responder à questão.
Arguindo-me várias pessoas de fazer sempre versos tristes
Como posso explicar em brando verso
Doce prazer, se o peito nunca o sente?
Musas, vós não ditais ao descontente
Senão queixas do seu fado adverso!
Linda cena, espetáculo diverso
Embora alegre o mundo me apresente,
Que em luto, isto que choro amargamente,
Me sepulta o vastíssimo Universo.
Jamais um dia alegre me afigura
A incerta e voadora fantasia,
Que a mágoa o não transborde em sombra escura.
Que quereis que vos diga da alegria,
Se vítima da negra desventura
Sirvo sempre a cruel melancolia?!
(Marquesa de Alorna. Sonetos, 2007.)
De acordo com o soneto,
A enunciadora do texto ressalta que, mesmo diante do cenário mais alegre e inspirador, sua inspiração a leva a fazer versos sempre tristes, melancólicos. As musas, entidades da mitologia grega que inspiravam os artistas, ditam-lhe “apenas queixas”, constrangendo a poeta a queixar-se constantemente do seu "fado adverso”, ou seja, do seu destino infeliz.