“Quem negaria que os futuros ainda não são? Mas já está na mente a espera dos futuros. E quem negaria que os passados já não são? Todavia, ainda está na mente a memória dos passados. E quem negaria que o tempo presente não tem extensão temporal, porque passa em um instante? Todavia, perdura a atenção, pela qual o que está presente se encaminha para a ausência.”
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“Quem negaria que os futuros ainda não são? Mas já está na mente a espera dos futuros. E quem negaria que os passados já não são? Todavia, ainda está na mente a memória dos passados. E quem negaria que o tempo presente não tem extensão temporal, porque passa em um instante? Todavia, perdura a atenção, pela qual o que está presente se encaminha para a ausência.”
Agostinho de Hipona. Confissões.
Ao propor uma aproximação entre a fala da personagem Calvin no quadrinho e o trecho citado das Confissões de Agostinho, é possível encontrar semelhanças com relação à descrição do tempo e sua compreensão filosófica. Dentre as afirmativas a seguir, qual delas pode ser considerada verdadeira para ambos os casos?
Ambos os textos apresentam algum caráter paradoxal em sua compreensão filosófica acerca do tempo.
No primeiro, percebe-se isso em uma contradição entre a percepção de permanência e a realidade da mudança à medida que o tempo passa. Calvin expressa isso na percepção do paradoxo de que “nada parece mudar de um dia para o outro, mas de repente tudo fica diferente”.
Já Agostinho de Hipona, no segundo texto, afirma que, embora o futuro ainda vá ser e o passado já tenha sido, eles estão na mente de quem espera por aquele e de quem se lembra deste. O paradoxo maior, contudo, está na sua consideração sobre o presente. Mesmo que normalmente o presente seja visto como uma das três instâncias temporais, o filósofo considera que ele não possui de fato extensão temporal, isso porque sua ocorrência é fugaz, assim que deixa de ser futuro, já se converte em passado.