Texto para a questão.

Leia o trecho de entrevista concedida por Marcelo Gleiser¹, na qual ele responde a perguntas sobre seu novo livro².

¹ — Quais princípios éticos você acredita serem essenciais para orientar nossas ações em direção à preservação da Terra?

² O princípio que proponho no livro é o do “biocentrismo” — a ideia de que a coisa mais importante que a gente tem é a vida.

³ O biocentrismo parte do princípio de que o planeta que permite que a vida exista nele é sagrado. Essa não é uma palavra científica, mas esse problema não é científico, é emocional e espiritual. Quando eu falo sagrado, não quero dizer a morada de Deus; é sagrado no sentido de que merece nosso respeito, nossa veneração e proteção, porque os humanos são a espécie que é capaz tanto de proteger como de ferir e adoecer o planeta.

⁴ O ponto que discuto no livro é que o planeta que está doente não vai sustentar uma vida sadia, incluindo a nossa. O biocentrismo parte desse princípio: uma vez que a gente entende a importância cósmica e a raridade do planeta Terra, ele se torna uma motivação moral. A proteção do planeta passa a ser um chamado moral para que a gente se una enquanto espécie, para que todo mundo faça sua pequena parte.

⁵ Se as pessoas se mobilizarem e se reencantarem com o planeta Terra, se as famílias contarem para as crianças as histórias que eu conto neste livro de como estamos conectados com todo o Universo, com toda a vida do planeta, uma coisa belíssima e emocionante, acho que a gente consegue aos poucos forjar uma nova maneira de se relacionar com a natureza. Para mim, é daí que vem a mudança. Porque quando você pensa dessa forma, o resto segue.

⁶ — E como é possível traduzir esse princípio em ações práticas no nosso cotidiano?

⁷ O que você vai fazer é muito pequeno como indivíduo, mas quando 8 bilhões ou 3 bilhões de pessoas fazem, não é tão pequeno. As coisas se multiplicam não linearmente. Então, eu sugiro três princípios: o princípio do menos, o do mais e o do consumerismo³ consciente. O princípio do menos é que ninguém precisa virar vegano da noite para o dia, mas dá para diminuir seu consumo de carne em 50%. Você pode gastar menos água, não precisa tomar banhos longos; pode gastar menos energia, usar mais transportes públicos, gerar menos lixo.

⁸ O princípio do mais seria uma tentativa de maior engajamento com o mundo natural, porque a gente se afastou muito da natureza. Criamos uma civilização cheia de megalópoles que são gigantes de concreto, onde a natureza é espremida num parquinho aqui ou ali. Mas é a antinatureza, e a gente não evoluiu dessa forma.

⁹ O biocentrismo parte desse princípio: uma vez que a gente entende a importância e a raridade do planeta Terra, ele vira uma motivação moral.

¹⁰ E o terceiro ponto é as pessoas que podem, que são uma minoria, ser consumidoras mais conscientes. Se você entende que essa companhia da qual está comprando seu sabonete ou a gasolina, ou seja lá o que for, não se alinha com esses princípios, compre de outra, porque o consumidor tem muito mais poder do que a gente imagina.

¹¹ — Para finalizar: se você pudesse resumir seu manifesto em uma frase, o que diria?

¹² A vida é sagrada e nós fazemos parte da coletividade da vida, por isso devemos preservá-la a todo custo.

^{https://revistagalileu.globo.com/ciencia. 12/05/2024. Adaptado.}

¹Professor de Filosofia Natural, Física e Astronomia na Dartmouth College, nos EUA.
² O Despertar Do Universo Consciente: Um Manifesto Para O Futuro Da Humanidade. Record; 1ª edição, 11/03/2024.
³ “consumerismo” (do inglês consumerism): tendência ou movimento em prol do consumo consciente.

Considere a função sintática do pronome “que” nas seguintes frases e, em seguida, atenda ao que se pede:

- “O princípio que proponho no livro é o do ‘biocentrismo’ — a ideia de que a coisa mais importante que a gente tem é a vida”;

- “O biocentrismo parte do princípio de que o planeta que permite que a vida exista nele é sagrado”;

- “O ponto que discuto no livro é que o planeta que está doente não vai sustentar uma vida sadia, incluindo a nossa”.

a)Cite dois trechos em que o referido vocábulo funcione como sujeito e sublinhe-o.

b)Faça o mesmo para o “que” com a função de objeto direto.