“Vou ao espelho tentar descobrir o que há de errado em mim. Vejo olheiras negras no meu rosto, meu Deus, grandes olheiras! Tendo andado a chorar muito por estes dias, choro até de mais”.
(CHIZIANE, Paulina. Niketche. Uma história de Poligamia. São Paulo: Companhia das
Letras [Companhia de Bolso], p. 14, 2021.)
“Lembro-me ainda do temor de minha mãe nos dias de fortes chuvas. Em cima da cama (...) ela nos protegia com seu abraço (...). Nesses momentos os olhos de minha mãe se confundiam com os olhos da natureza. Chovia, chorava! Chorava, chovia! Então, por que eu não conseguia lembrar a cor dos olhos dela?”
(EVARISTO, Conceição. Olhos D’água. Rio de Janeiro: Pallas; Fundação Biblioteca Nacional, p. 17-18, 2016.)
A partir da leitura dos trechos e da compreensão do todo da narrativa, podemos afirmar que, comparativamente, os textos exprimem,
Os dois trechos, retirados respectivamente dos livros Niketche: uma história de poligamia e Olhos d’água, tratam de personagens femininas que, por diferentes razões, choram. Em ambos os casos, a imagem das lágrimas e das águas está relacionada ao desamparo experimentado pelas mulheres em ambientes marcados pela desigualdade, como aponta a alternativa D. No romance de Paulina Chiziane, observamos a desigualdade de gênero, e no conto de Conceição Evaristo, a desigualdade econômica e racial.