Escancarada, a ditadura firmou-se. A tortura foi o seu instrumento extremo de coerção e extermínio, o último recurso da repressão política que o Ato Institucional nº 5 libertou das amarras da legalidade.
(Elio Gaspari. A ditadura escancarada, 2002.)
O excerto, relativo ao período entre 1969 e 1974, caracteriza o governo militar brasileiro de então como
Durante o regime militar (1964-1985), foram praticadas pelos governantes diversas ações caracterizadas como “de exceção” (quando o governo restringe direitos e concentra poderes). Nesse cenário, a despeito das determinações legais impostas pela Constituição de 1967, decretada a partir do AI-4, o AI-5 exacerbou a violência e a repressão, normalizando a tortura, as perseguições políticas, a censura e a suspensão de direitos e liberdades, como o habeas corpus, por exemplo. Ademais, vale destacar, que os governos militares utilizaram práticas clandestinas, como ocultação de cadáveres, assassinatos e atentados contra instituições e indivíduos da oposição, a fim de apresentar uma narrativa favorável à ordem militar vigente e justificar as ações ditatórias dos governantes daquele período.