Nota-se em sua obra um sentido de aprofundamento das coisas e dos seres e um uso experimental do idioma que se opõem, de certa forma, aos escritos mais característicos da prosa regionalista, tendendo a superar tanto o mero pitoresco quanto o realismo documental. Por outro lado, embora revele um notável e incomum domínio artesanal, sua linguagem não se confunde com a dos estilistas da Língua. O seu palavreado diferente não é constituído propriamente de vocábulos “difíceis” ou desusados, mas de recriações e invenções forjadas a partir das virtualidades do idioma, que levam o leitor a constantes descobertas. Com seu léxico e sua sintaxe peculiares, não canônicos, mas coerentemente articulados, esse(a) autor(a) nos força a uma experiência viva com a linguagem.

(José Paulo Paes e Massaud Moisés (orgs.).
Pequeno dicionário de literatura brasileira, 1980. Adaptado.)

Tal comentário refere-se a

  • a

    Clarice Lispector. 

  • b

    Machado de Assis. 

  • c

    Euclides da Cunha. 

  • d

    Graciliano Ramos. 

  • e

    João Guimarães Rosa.

O texto de José Paulo Paes se concentra, sobretudo, na linguagem utilizada pelo escritor a que se refere: o “uso experimental do idioma”, o palavreado constituído por “recriações e invenções forjadas a partir de virtualidades do idioma”, a adoção de léxico e sintaxe “peculiares”. Tais aspectos permitem a identificação de Guimarães Rosa, dados a invenção linguística e os neologismos presentes em sua obra. Nenhum dos autores referidos nas outras alternativas apresenta em sua obra uma dimensão linguística tão inventiva.