“Mesmo que não tivesse consequências operacionais de monta, a decisão joanina transformou, ainda que apenas no plano simbólico, um conglomerado de capitanias numa entidade política dotada de precisa territorialidade, em pátria no sentido de locus da história de seus construtores, aos quais, por força da crise em curso, tornava-se cada vez mais dificultoso precisar, até porque a nova situação criada com a instalação da Corte no Brasil alterou referentes importantes para a definição do significado das identidades coletivas até então vigentes e, portanto, das ancestralidades às quais elas se reportavam”.

JANCSÓ, I. “Independência, independências”. In JANCSÓ, I. (org.)
Independência: História e Historiografia. São Paulo: Hucitec, 2005, p. 43. 

O texto refere-se

  • a

    à decisão do governo português de abandonar Portugal e estabelecer-se em suas colônias na América, provocando, assim, o processo de independência do Brasil. 

  • b

    à elevação do Brasil à condição de Reino Unido a Portugal, possibilitando a identificação de um território político-geográfico que serviria de base para o país independente. 

  • c

    ao mapeamento das capitanias da América portuguesa e produção de uma cartografia minuciosa acerca das características culturais de cada parcela do território brasileiro. 

  • d

    ao duro combate aos pernambucanos insurgentes, em 1817, que representou um exemplo punitivo que intimidou tentativas de revoltas separatistas no Brasil. 

  • e

    à abertura dos portos às nações amigas, que sinalizou a adoção do liberalismo econômico a ser implementado pelas administrações de todas as capitanias brasileiras.

O texto aborda um episódio histórico ligado à instalação da família real no Brasil, responsável pela transformação das capitanias em uma “entidade política dotada de precisa territorialidade”, ainda que sem provocar grandes consequências operacionais para a monarquia portuguesa. O episódio consiste na elevação do Brasil à condição de Reino Unido de Portugal e Algarves, que, apesar de não provocar grandes alterações administrativas, acabou por formalizar a representação da monarquia portuguesa no Congresso de Viena, onde se reorganiza o mapa político da Europa após a derrota de Napoleão Bonaparte.