Superar a história da escravidão como principal marca da trajetória do negro no país tem sido uma tônica daqueles que se dedicam a pesquisar as heranças de origem afro à cultura brasileira. A esse esforço de reconstrução da própria história do país, alia-se agora a criação da plataforma digital Ancestralidades. “A história do negro no Brasil vai continuar sendo contada, e cada passo que a gente dá para trás é um passo que a gente avança”, diz Márcio Black, idealizador da plataforma, sobre o estudo de figuras ainda encobertas pela perspectiva histórica imposta pelos colonizadores da América.
FIORATI G. Projeto Joga luz sobre negros e revê perspectiva histórica.
Disponível em www.folha.uol.com.br. Acesso em 10 nov 2021 (adaptado)
Em relação ao conhecimento sobre a formação cultural brasileira, iniciativas como a descrita no texto favorecem o(a)
Desde as primeiras publicações historiográficas brasileiras do século XIX até a década de 1980, o modo hegemônico de narrar a história das populações negras no Brasil foi o de associá-las quase que exclusivamente à escravidão. Trata-se de uma visão eurocêntrica de compreensão do passado, uma vez que limita a história das pessoas negras ao escravismo, ao sofrimento e à condição de mercadoria (como se pouco houvesse além desses elementos para ser investigado).
Dos anos 1980 às primeiras décadas do século XXI, multiplicaram-se novas interpretações historiográficas e abordagens sobre o passado que (sem desconsiderar o impacto que as relações escravistas exerceram sobre a negritude brasileira) buscam apontar outras formas de pensar a história do negro no Brasil (destacando, por exemplo, contribuições religiosas, culturais etc.).