Do século XVI em diante, pelo menos nas classes mais altas, o garfo passou a ser usado como utensilio para comer, chegando através da Itália primeiramente à França e, em seguida, à Inglaterra e à Alemanha, depois de ter servido, durante algum tempo, apenas para retirar alimentos sólidos da travessa. Henrique III introduziu-o na França, trazendo-o provavelmente de Veneza. Seus cortesãos não foram pouco ridicularizados por essa maneira "afetada" de comer e, no princípio, não eram muito hábeis no uso do utensílio: pelo menos se dizia que metade da comida caia do garfo no caminho do prato à boca. Em data tão recente como o século XVII, o garfo era ainda basicamente artigo de luxo, geralmente feito de prata ou ouro.

ELIAS, N. O processo civilizador: uma história dos costumes.
Rio de Janeiro. Zahar. 1994.

O processo social retratado indica a formação de uma etiqueta que tem como principio a

  • a

    distinção das classes sociais.

  • b

    valorização do hábitos de higiene.

  • c

    exaltação da cultura mediterrânea.

  • d

    consagração de tradições medievais.

  • e

    disseminação de produtos manufaturados.

A descrição sobre o uso do garfo, presente no texto, refere-se à entronização de seu uso no cotidiano das “classes mais altas”. O garfo é apresentado como um artigo de luxo, distante das camadas empobrecidas da população. A posse de tal artefato, feito de metais nobres, assume os contornos da etiqueta, em construção pelas elites europeias, e seu uso servia para afirmar as distinções sociais.