Nas grandes cidades de todo o planeta, com maior ou menor intensidade, cresce o número de pessoas em situação de rua. No caso brasileiro, todavia, essa é uma realidade urbana perene, agravada em momentos de crise. Segundo estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em 2022, existiam 281.472 pessoas em situação de rua no Brasil.

(MONTFERRE, H., População em situação de rua supera 281,4 mil pessoas no Brasil.
IPEA, 08/12/2022)

O fenômeno descrito no excerto, e reportado na imagem, se constituiu historicamente nas cidades brasileiras em função

  • a

    da crise conjuntural da última década, agravada com a pandemia de covid-19; muitas vezes, a gestão urbana impõe a essa população a precariedade da circulação sem fim pela cidade e mesmo pela rede urbana. 

  • b

    do processo de modernização-urbanização excludente; as ações de política urbana implementam programas de habitação popular nas áreas centrais para viabilizar a gentrificação e o direito à cidade a essa população. 

  • c

    da crise conjuntural da última década, agravada pela pandemia de covid-19; a gestão urbana busca formas de integrar essa população aos espaços urbanos por meio das casas de acolhimento e de programas de emprego e renda. 

  • d

    do processo de modernização-urbanização excludente; a gestão urbana promove, muitas vezes, práticas de “higienização” do espaço, isto é, de expulsão, com o apoio de setores da sociedade.

Conforme destacado no excerto, a população em situação de rua é uma realidade perene, intensificada em momentos de crise, como a crise econômica conjuntural da última década, que foi agravada pela pandemia de covid-19. Porém, esse fenômeno ocorre há muito mais tempo nas cidades brasileiras e se constituiu historicamente em função do acelerado processo de modernização-urbanização, caracterizado pela marginalização e exclusão socioeconômica de grande parcela da população que não foi absorvida adequadamente pelas atividades urbanas, muitas vezes pela falta de qualificação, e acabou em situação de rua. A expulsão da população de baixa renda das áreas centrais, prática também conhecida como higienismo urbano, é apontada por diferentes segmentos da sociedade como a solução para os problemas sociais desde o período imperial.