“Um deles viu umas contas brancas de rosário, acenou que lhas dessem e divertiu-se muito com elas. Enrolou-as ao pescoço, depois tirou-as e embrulhou-as no braço, e acenava para a terra e depois para as contas, e em seguida para o colar do capitão, dando a entender que eles dariam ouro por aquilo. Isto nós entendíamos assim porque queríamos. Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto nós não queríamos entender, porque não lho daríamos."

(CAMINHA, Pero Vaz de. Carta de Achamento do Brasil. Campinas: Editora da UNICAMP,
p. 108, 2001.)

Em seu relato de viagem, Pero Vaz de Caminha

  • a

    .descreve a natureza e as pessoas que os portugueses encontraram no Novo Mundo, inventariando os detalhes da viagem, com vistas à preservação da História Colonial. 

  • b

    descreve e interpreta os fatos, mostrando que a compreensão dos portugueses sobre os povos originários era mediada pelos interesses do colonizador. 

  • c

    descreve como os povos originários do Novo Mundo auxiliaram os colonizadores na prospecção por riquezas, antevendo a realização do projeto colonizador. 

  • d

    descreve e interpreta os fatos, sugerindo que, na visão dos povos originários, era possível a convivência pacífica com o colonizador, já que compartilhavam os mesmos interesses.

Pero Vaz de Caminha, ao mesmo tempo que descreve os eventos que presenciou na costa americana, interpreta os fatos deixando entrever valores culturais de sua época. Em seu relato ficam claros os interesses mercantilistas em descobrir metais preciosos. No trecho apresentado, o escrivão declara categoricamente que os gestos dos indígenas seriam entendidos apenas de acordo com os interesses europeus: “Isto nós entendíamos assim porque queríamos. Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto nós não queríamos entender, porque não lho daríamos." Portanto, tal como afirma a alternativa B, a interpretação dos fatos era mediada pelos interesses do colonizador.