je ne parle pas bien*
je ne parle pas bien
je ne parle pas bien
je ne parle pas bien
eu tenho uma língua solta
que não me deixa esquecer
que cada palavra minha
é resquício da colonização
cada verbo que aprendi conjugar
foi ensinado com a missão
de me afastar de quem veio antes
nossas escolas não nos ensinam
a dar voos
[...]
reinvenção
nossa revolução surge e urge
das nossas bocas
das falas aprendidas
que são ensinadas
e muitas não compreendidas
salve, a cada gíria
je ne parle pas bien
[...]
o que era pra ser arma de colonizador
está virando revide de ex colonizado
estamos aprendendo as suas línguas
e descolonizando os pensamento

* Je ne parle pas bien, do francês, significa “Eu não falo direito”.

Podemos afirmar que o uso repetido do verso Je ne parle pas bien no poema slam de Luz Ribeiro

  • a

    .expressa a necessidade de repetir muitas vezes uma mesma sentença como forma de resistir ao esquecimento de uma língua. 

  • b

    enfatiza a ideia de que a língua francesa do colonizador ainda não foi aprendida e precisa ser repetida várias vezes. 

  • c

    é uma constatação de que, na posição de ex-colônia, não conseguimos aprender línguas estrangeiras. 

  • d

    indica um posicionamento de resistência por meio de uma crítica à aprendizagem forçada da língua do colonizador.

A repetição sistemática de “je ne parle pas bien” concorre para a ideia de desajuste do eu-lírico em relação à língua de colonizador, que lhe foi imposta. Os versos “cada palavra minha / é resquício da colonização / cada verbo que aprendi conjugar / foi ensinado com a missão / de me afastar de quem veio antes” evidenciam esse teor crítico em relação às imposições linguísticas do colonizador.