A exploração aurífera obedecia, no seu desenvolvimento, ao lucro mais imediato: voltava-se inicialmente para o ouro depositado no fundo dos rios (aluvião), depois para o ouro depositado nas encostas (grupiaras) e, finalmente, para os veios subterrâneos (galerias). Nesse contexto, era a fase inicial a que maiores lucros apresentava.
(Laura de Mello e Souza. Desclassificados do ouro:
a pobreza mineira no século XVIII, 1982.)
O excerto descreve uma espécie de itinerância na exploração do ouro em Minas Gerais no século XVIII,
O excerto destaca a evolução da exploração aurífera no Brasil Colônia ao longo do século XVIII. O processo de exploração de ouro na colônia obedeceu a uma ordem que transitou entre a forma mais fácil de se obter o metal, faiscação, até a forma mais complexa, através da exploração subterrânea. A escolha da técnica na forma da exploração coincide com a oferta do metal na colônia, que começou a ser explorada nas margens dos rios, em pó ou em pequenas pepitas, obtida por meio da faiscação, técnica mais fácil, que utilizava como um dos principais instrumentos a bateia (bacia na qual o ouro, por ser mais pesado, depositava-se no fundo, de modo a tornar fácil a sua obtenção. Passando, assim, a ser obtido por meio da exploração das encostas dos morros, denominado “grupiara”, consistia no emprego de técnicas mais complexas, já que exigia a retirada da vegetação das encostas e a escavação de pequenas valas as quais permitiriam que os cascalhos de ouro ficassem expostos, por exemplo. Por fim, a exploração subterrânea, a mais complexa, exigia que os mineiros escavassem galerias subterrâneas, nas quais podiam andar agachados para poder atingir os veios mais subterrâneos.
A adoção de técnicas diferenciadas deixa evidente que, no decorrer da exploração aurífera, o ouro foi ficando cada vez mais escasso, sendo necessário adotar novas técnicas de obtenção do metal, as quais também ficavam mais complexas.
Vale lembrar que, ainda que o texto conduza o candidato a acreditar que essas técnicas existiram em separado, elas coexistiam e eram empregadas de acordo com as condições e necessidades dos exploradores.