Leia o poema de Leonor de Almeida Portugal Lorena e Lencastre, também conhecida como Marquesa de Alorna, para responder à questão.

Retratar a tristeza em vão procura
Quem na vida um só pesar não sente,
Porque sempre vestígios de contente
Hão-de apar’cer por baixo da pintura:

Porém eu, infeliz, que a desventura
O mínimo prazer me não consente,
Em dizendo o que sinto, a mim somente,
Parece que compete esta figura.

Sinto o bárbaro efeito das mudanças,
Dos prazeres o mais cruel pesar,
Sinto do que perdi tristes lembranças;

Condenam-me a chorar, e a não chorar,
Sinto a perda total das esperanças,
E sinto-me morrer sem acabar.

(Marquesa de Alorna. Sonetos, 2007.)

Os sujeitos dos verbos “procura” e “sente” (ambos na 1ª estrofe) são, respectivamente, 

  • a

    “Retratar a tristeza” e “Quem”. 

  • b

    “Retratar a tristeza” e “um só pesar”. 

  • c

    “em vão” e “um só pesar”. 

  • d

    “Quem na vida um só pesar não sente” e “um só pesar”. 

  • e

    “Quem na vida um só pesar não sente” e “Quem”.

Para fins de clareza, valeria a pena colocar os dois primeiros versos em ordem direta. Ficaria mais ou menos assim: Quem não sente um só pesar na vida procura em vão retratar a tristeza. Desse modo, parece claro que o verbo “procura” tem sua ação exercida por “quem na vida um só pesar não sente” – logo, todo esse segmento de frase cumpre a função de sujeito, pois é ele quem realiza a ação de buscar. Já o verbo “sente” apresenta como sujeito o pronome interrogativo “quem”. Pode-se confirmar isso observando que “sentir” requer no contexto um sujeito e um objeto direto, e, devido à compatibilidade de sentido, “um só pesar” só pode ser o objeto, aquilo que é sentido, enquanto ao “Quem” resta a função de sujeito – quem sente.