Leia o poema de Leonor de Almeida Portugal Lorena e Lencastre, também conhecida como Marquesa de Alorna, para responder à questão.

Retratar a tristeza em vão procura
Quem na vida um só pesar não sente,
Porque sempre vestígios de contente
Hão-de apar’cer por baixo da pintura:

Porém eu, infeliz, que a desventura
O mínimo prazer me não consente,
Em dizendo o que sinto, a mim somente,
Parece que compete esta figura.

Sinto o bárbaro efeito das mudanças,
Dos prazeres o mais cruel pesar,
Sinto do que perdi tristes lembranças;

Condenam-me a chorar, e a não chorar,
Sinto a perda total das esperanças,
E sinto-me morrer sem acabar.

(Marquesa de Alorna. Sonetos, 2007.)

Na primeira estrofe, o eu lírico explora, sobretudo, a seguinte oposição: 

  • a

    razão x loucura. 

  • b

    abstração x concretude. 

  • c

    essência x aparência. 

  • d

    determinação x hesitação. 

  • e

    consideração x indiferença.

Na primeira estrofe do poema, a oposição mais explorada pelo eu lírico é a entre essência e aparência. Tópica muito frequente na literatura de diferentes períodos e que encontra eco nos poetas barrocos do século XVII. A oposição expressa o conflito do eu lírico por não revelar exatamente o que sente e o que é. “Porque sempre vestígios do contente / Hão-de apar’cer por baixo da pintura”.