“A Biblioteca de Alexandria cria um espaço abstrato do qual sábios de origens diversas vão poder apropriar-se. Esse espaço é o do helenismo, horizonte comum de textos, crenças, modelos intelectuais e tradições, que dependem, doravante, de tarefas coletivas – arquivar, editar, comentar, elaborar mapas, escrever a história, recensear. Poder-se-ia dizer que uma das chaves da cultura alexandrina é a relação paradoxal que ela mantém com a memória. A ausência de uma tradição e de uma memória locais explica talvez como a biblioteca, esse lugar de memória artificial, criado por uma política voluntarista, terá podido atrair e reter gregos de todas as origens.”
JACOB, Christian. “Ler para escrever: navegações alexandrinas”. In: BARATIN, Marc e JACOB, Christian. O poder das bibliotecas. Rio de Janeiro: Ed.UERJ,
2000, p.53-54. Adaptado.
Com base na leitura do texto, responda às questões:
a) O que foi o helenismo?
b) Cite dois exemplos que indicam a relação entre a cultura alexandrina e a memória.
c) Indique dois elementos que tornaram possível aos pensadores humanistas (séculos XIV-XVI) se apropriarem do patrimônio cultural clássico.
a) O helenismo foi o movimento de disseminação da cultura grega em direção ao Oriente, do Egito ao vale do Indo. Nesse processo, a cultura grega foi preservada e, ao mesmo tempo, influenciada pelo contato com outras culturas.
b) O texto faz referência à preservação das tradições da cultura grega, além de caracterizar o espaço criado em Alexandria como um espaço “artificial”, cuja existência dependia da preservação de uma memória grega, bem como da escrita de uma história.
c) No contexto do Renascimento, os pensadores humanistas resgataram o patrimônio cultural clássico através da ampliação dos contatos com o mundo mediterrâneo, sobretudo árabe e bizantino, onde ocorreu a preservação da cultura greco-romana. Além disso, os humanistas promoveram a redescoberta de textos antigos preservados em bibliotecas de abadias ou mosteiros e durante muito tempo ignorados fora do campo restrito dos estudos teológicos. Por último, os candidatos poderiam observar que a retomada do interesse por assuntos gregos e romanos levou à valorização de um patrimônio material artístico e arquitetônico até então relegado a um segundo plano.