Leia o texto e responda à questão:

Cê quer saber? Então, vou te falar
Por que as pessoas sadias adoecem?
Bem alimentadas, ou não
Por que perecem?
Tudo está guardado na mente
O que você quer nem sempre condiz com o que outro sente
Eu tô falando é de atenção que dá colo ao coração
E faz marmanjo chorar
Se faltar um simples sorriso, às vezes, um olhar
Que se vem da pessoa errada, não conta
Amizade é importante, mas o amor escancara a tampa
E o que te faz feliz também provoca dor
A cadência do surdo no coro que se forjou
E aliás, cá pra nós, até o mais desandado
Dá um tempo na função, quando percebe que é amado
E as pessoas se olham e não se falam
Se esbarram na rua e se maltratam
Usam a desculpa de que nem Cristo agradou
Falô! Cê vai querer mesmo se comparar com o Senhor?

As pessoas não são más, elas só estão perdidas
Ainda há tempo

 Criolo. “Ainda há tempo”. 2016. 

a) Transcreva dois versos da letra da canção que corroboram o título “Ainda há tempo”.

b) A letra da canção se constrói a partir de ideias antitéticas. Identifique e explique duas delas.

a) “E aliás, cá pra nós, até o mais desandado / Dá um tempo na função, quando percebe que é amado”.

b) Uma das ideias antitéticas é identificada nestes versos: “Cê quer saber? Então vou te falar / Por que as pessoas sadias adoecem? Bem alimentadas ou não / Por que perecem?”. Nessa passagem, a ideia de saúde (“sadias”, “bem alimentadas”) contrapõe-se à ideia de adoecimento / perecimento. 

Outra ideia antitética se manifesta no verso “E faz marmanjo chorar”. Aqui, a oposição se manifesta entre o campo semântico de “marmanjo”, contrário à noção de vulnerabilidade, e o campo semântico de “chorar”, que implica justamente a noção de fragilidade, vulnerabilidade.

Obs.: podem ser exploradas ainda as relações antitéticas destas passagens:

  • “O que você quer nem sempre condiz com o que o outro sente”;
  • “Amizade é importante, mas o amor escancara a tampa”;
  • “E o que te faz feliz também provoca dor”.