Considere os textos e responda à questão:

a) Em que consiste a ironia da imagem do texto 1 quando associada ao uso do termo “infográfico”?

b) Considerando a crítica veiculada pela charge, assinale a relação entre o texto 2 e o símbolo de “frágil” impresso na imagem do papelão do texto 1.

a) A ironia consiste no fato de que não se trata literalmente de um infográfico, mas de uma subversão paródica do gênero. Tal qual um infográfico, a charge reúne elementos verbais e imagéticos. Há, no entanto, diferenças importantes. Enquanto um infográfico tradicional apresentaria um gráfico de barras com proporções precisas, baseadas em dados advindos de pesquisa, a charge não contém nem os dados precisos, nem as tradicionais barras. Além disso, enquanto os infográficos têm propósito informativo, a charge tem propósito essencialmente crítico, ao mostrar o contraste entre aqueles que concentram renda e bens, e outros, tão despossuídos, que muitas vezes conquistam sua sobrevivência por meio da reciclagem do que é descartado pelos primeiros.

b) A relação é de contraste. No texto 2, a presença de duas mãos em torno de uma caixa indica que ela precisa ser manipulada com cuidado, o que confirma a fragilidade da mercadoria contida por ela. No texto 1, o símbolo de fragilidade – uma taça se rompendo – adquire, no contexto crítico da charge, um caráter irônico, ao mostrar a força das mercadorias na nossa sociedade: elas são tratadas com mais cuidado do que milhões de brasileiros, que estão em total condição de abandono. Ou seja, devido a seu caráter irônico, o símbolo de fragilidade se transforma no seu oposto, num símbolo de força e, nesse sentido, podemos dizer que ele contrasta com a tradicional representação de fragilidade presente no texto 2.