Quando os europeus começaram a ocupar o atual território brasileiro, ao longo do século XVI, encontraram dois grandes complexos de florestas tropicais: a Mata Atlântica e a floresta amazônica. O destino diverso desses dois complexos florestais é um dado muito significativo para o entendimento da história. Ao contrário da Mata Atlântica, a floresta amazônica manteve-se praticamente intacta até poucas décadas atrás. No início da década de 1970, apesar dos séculos de exploração econômica no contexto da moderna economia-mundo, apenas 1% da sua cobertura original havia sido destruída.

(Adaptado de PÁDUA, J. A. Biosfera, história e conjuntura na análise da questão amazônica. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, vol. 6 (suplemento), p. 793-811, 2000.)

A partir da leitura do texto e de seus conhecimentos,

a) cite e explique duas razões para a destruição da Mata Atlântica entre os séculos XVI e XIX.

b) identifique e explique uma mudança no contexto nacional e outra no quadro internacional que podem ser analisadas como impulsionadoras da destruição da floresta amazônica entre os anos de 1970 e 2000.

a) O projeto de colonização do Brasil foi construído a partir dos interesses econômicos e territoriais da monarquia portuguesa; desse modo, podemos citar como razões para a destruição da Mata Atlântica, entre os séculos XVI e XIX, o extrativismo do Pau-brasil, madeira que possuía valor comercial atrativo nos países europeus, o desenvolvimento do complexo agroexportador no litoral, fenômeno que levou à destruição da mata nativa para a construção de latifúndios, notadamente de açúcar, tabaco e posteriormente  de café (século XIX). Essas atividades econômicas, associadas à preocupação lusa em ocupar para defender o território de invasões, fomentou a construção de vilas e um maior adensamento populacional no litoral, colaborando ainda mais para  a destruição da Mata Atlântica.
 
b) Entre 1964 e 1985, a Ditadura Militar brasileira apostava na exploração da Amazônia como forma de alavancar o desenvolvimento econômico nacional. Com o discurso de modernização e de “integrar para não entregar”, foi criada a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), através da qual o governo oferece uma série de incentivos aos interessados em produzir na região, expandindo significativamente o desmatamento e o garimpo Ainda nesse cenário, foi construída a Transamazônica (1972), com o intuito da facilitar a ocupação e a exploração da região. Já no início dos anos 2000, a alta no preço internacional das commodities levou a um novo avanço do desmatamento principalmente ao norte do Estado do Mato Grosso e Rondônia, com a expansão da soja e da pecuária extensiva em áreas florestais.