“Como pode um povo vivo
Viver nesta carestia
Como poderei viver
Como poderei viver

Dia e noite, noite e dia
Com a barriga vazia
Como pode um operário
Viver com esse salário

Como pode a criançada
Estudar sem comer nada”

(“Programa oficial do lançamento geral do abaixo-assinado” do Movimento do Custo de Vida, 12/03/1978. Doc. 039_4. Fundo ECO_PRE, Centro Pastoral Vergueiro. Citado em: MONTEIRO, Thiago Nunes. Como pode um povo vivo viver nesta carestia: O Movimento do Custo de Vida em São Paulo (1973-1982).
São Paulo: Humanitas, 2017.)

A letra acima foi utilizada pela campanha coordenada pelo Movimento Custo de Vida, iniciado por mulheres das periferias da cidade de São Paulo, em 1978. Sobre as lutas por melhores condições de vida durante a década de 1970 na ditadura militar (1964-85), é correto afirmar que

  • a

    o Movimento do Custo de Vida foi organizado para protestar contra as políticas econômicas e sociais da ditadura militar que provocavam o arrocho salarial e a inflação. 

  • b

    diante da impossibilidade de fazer protestos de rua, o Movimento do Custo de Vida teve atuação por meio de letras de músicas de duplo sentido (para driblar a censura), veiculadas no rádio. 

  • c

    após reunir cerca de 200 mil pessoas na Praça da Sé em São Paulo em 1978, o Movimento do Custo de Vida migrou para a luta armada como resposta à repressão. 

  • d

    as Comunidades Eclesiais de Base, instaladas nas periferias das grandes cidades e onde começou o Movimento do Custo de Vida, foram desmanteladas em 1979.

O Choque do Petróleo (1973) gerou uma intensa crise econômica global impactando diretamente o Brasil. No período, o governo da Ditadura Civil-Militar não conseguiu manter o crescimento econômico de anos anteriores (que até então vinha sendo chamado de “milagre”) e a economia brasileira foi englobada pela crise. A piora das condições de vida foi inicialmente vivenciada pela população mais empobrecida, mais vulnerável à crescente inflação e à diminuição dos salários. Nesse contexto, formou-se o Movimento Custo de Vida (1978), organizado a partir de mulheres que habitavam regiões periféricas dos grandes centros urbanos (como na cidade de São Paulo), contrário à política econômica da Ditadura e defendendo a abertura política no Brasil.