Na Greve de 1917 em São Paulo, os conflitos propagaram-se a partir do Cotonifício* Crespi, com cerca de 2 mil trabalhadores; em pouco tempo, congregaram 50 mil pessoas numa cidade de 400 mil habitantes. Entre sociedades de classes, as quais eram combativas, políticas e de identidade étnica, havia sido organizado em março daquele ano, pouco antes da eclosão da greve, o Comitê Popular de Agitação contra a exploração das crianças. Por meio de enquetes, reuniões e palestras, o Comitê procurava revelar as relações de trabalho a que os menores estavam sujeitos: jornadas extenuantes e graves acidentes. Nas notícias de jornais, era comum encontrar casos como o de José, de 12 anos, que teve o braço esmagado por uma máquina amassadeira da fábrica de biscoitos “A Fidelidade”, e Henrique Guido, de 8 anos, que teve os dedos decepados numa oficina da Barra Funda.
(Adaptado de FRACCARO, Glaucia. Mulheres, sindicato e organização política nas greves de 1917 em São Paulo.
Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 37, n. 76, p. 76-77, 2017.)
*Cotonifício: algodoaria.
Com base no excerto e em seus conhecimentos sobre a história do trabalho no Brasil, é correto afirmar que
A eclosão da greve de 1917 na cidade de São Paulo foi resultante da confluência de diversos fatores, dentre os quais se destacam as precárias condições de trabalho do operariado. Durante a Primeira República, embora já houvesse algumas leis trabalhistas, elas pouco eram aplicadas, o que deixava os trabalhadores em desamparo. No contexto da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e da ampliação da industrialização no Brasil, era cada vez mais comum nas fábricas a realização de longas jornadas de trabalho, os baixos salários, a superexploração do trabalho feminino e a exploração do trabalho infantil. Somando esses fatores com as agitações sindicais, em um contexto de aumento de custo de vida, a greve teve início em julho de 1917, mobilizando cerca de 50 mil pessoas.