Tem se tornado lugar comum dizer que o gigantesco volume de dados extraídos de nossa vida cotidiana está armazenado “na nuvem”. É quase como dizer: estão por toda a parte e em lugar nenhum. Flutuam. Se damos, contudo, um passo para além das metáforas, nos depararemos com a robusta infraestrutura do capitalismo digital, que está ancorada em territórios concretos e se inscreve numa geografia do poder. É assim que, segundo a UNCTAD (2021), de um total de 4.714 data centers existentes no mundo, quase 80% estão em países desenvolvidos, principalmente nos EUA e países da Europa ocidental.

Sobre os data centers e sua distribuição, é correto afirmar que

  • a

    são infraestruturas concentradas no Norte Global que, por serem públicas, controladas pelo Estado, têm seu impacto minimizado em questões geopolíticas que perpassam essa parte do mundo.

  • b

    o processo de desenvolvimento geograficamente desigual pouco atua na distribuição da infraestrutura digital e na coleta, armazenagem e tratamento de dados entre as regiões do mundo.

  • c

    sua rarefação no Sul-Global indica que a coleta, a armazenagem e o tratamento dos dados levanta grave problema relativo à soberania dos Estados nacionais dessa parte do mundo. 

  • d

    à medida em que se ampliam a coleta e o tratamento massivo de dados das sociedades, países de todos os continentes estão adotando robustas políticas de infraestrutura digital.

Com uma sociedade cada vez mais globalizada e digitalizada, a localização dos data centers se torna algo cada vez mais estratégico para a geopolítica, tendo em mente a quantidade, o valor e a sensibilidade dos dados que são obtidos e guardados. A região Sul-Global, que concentra os países mais pobres do mundo, não abrange a maior quantidade desses data centers, o que enfraquece a soberania desses países por ficar dependente de estruturas de países estrangeiros.