“Colombo não reconhece a diversidade das línguas e, por isso, quando se vê diante de uma língua estrangeira, só há dois comportamentos possíveis, e complementares: reconhecer que é uma língua, e recusar-se a aceitar que seja diferente, ou então reconhecer a diferença e recusar-se a admitir que seja uma língua... Os índios que encontra logo no início, a 12 de outubro de 1492, provocam uma reação do segundo tipo; ao vê-los, promete: ‘Se Deus assim o quiser, no momento da partida levarei seis deles a Vossas Altezas, para que aprendam a falar’ (...).”

TODOROV, Tzvetán. A conquista da América: a questão do outro. São Paulo:
Martins Fontes, 1993. p.29-30. 

Ao tratar das reações iniciais de Colombo ao chegar à América, o excerto indica que o navegador

  • a

    reconheceu a necessidade de tradução mútua entre as línguas. 

  • b

    considerou as línguas indígenas como expressão de outras culturas. 

  • c

    interpretou as diferenças linguísticas como estratégia de resistência dos nativos. 

  • d

    mostrou-se disposto a estudar e compreender as línguas dos indígenas. 

  • e

    entendeu o ensino do castelhano aos indígenas como forma de civilização.

O excerto indica que Colombo não reconhece a diversidade das línguas e, como consequência, ao se ver diante de uma língua estrangeira, comporta-se de duas maneiras possíveis e complementares: (i) reconhece que é uma língua e recusa-se a aceitar que seja diferente; ou (ii) reconhece a diferença e recusa-se a admitir que seja uma língua.

Especificamente quando da chegada à América, o excerto afirma que Colombo reagiu da segunda maneira: não reconheceu que os índios falavam uma língua, prometendo, portanto, levá-los à Espanha para ensiná-los a falar o Espanhol – o que evidencia o não reconhecimento das culturais locais e a ideia de civilização a partir de uma cultura eurocêntrica.