A arte foi e ainda pode ser utilizada para criar, reforçar e disseminar ideias, valores e estereótipos, mas também pode colocá-los em discussão. A obra “Sentem para jantar”, de Gê Viana, faz parte da série “Atualizações traumáticas de Debret”, na qual o artista propõe uma revisão iconográfica da história do Brasil tendo como referência as obras de JeanBaptiste Debret, especificamente aquelas presentes em “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil” (1834-1839), publicação que pautou de maneira imagética o período colonial brasileiro. Em sua revisão, Gê Viana dá continuidade ao seu projeto de análise crítica de representações históricas, produzindo releituras de algumas dessas obras, dentre as quais, a obra “Um jantar brasileiro”, do artista francês. A seguir, são reproduzidos os quadros desses dois artistas.


Com base nas informações e imagens apresentadas, assinale a alternativa que corresponde à abordagem adotada por Gê Viana em sua obra “Sentem para jantar”, ao utilizar como referência a obra “Um jantar brasileiro”, de Jean-Baptiste Debret.

  • a

    Gê Viana reproduz, em sua obra, as mesmas relações sociais representadas na obra de Debret.

  • b

    Gê Viana exalta, em sua obra, especialmente as características físicas das pessoas retratadas, enquanto Debret enfatiza as relações pessoais.

  • c

    Gê Viana emprega, em sua obra, as mesmas técnicas e os mesmos materiais utilizados na obra de Debret, o que lhes confere grande semelhança.

  • d

    Gê Viana ignora aspectos relacionados a questões étnicoraciais em sua releitura da obra de Debret, focando apenas na estética visual da obra.

  • e

    Gê Viana busca desconstruir, em sua obra, os estereótipos étnico-raciais presentes na obra original de Debret.

Em “Sentem para jantar”, Gê Viana se apropria da obra de Debret, alterando vários elementos visuais. Vê-se uma família de pessoas negras em meio a símbolos de estabilidade familiar e econômica, tais como a mesa farta e a foto de uma matriarca na parede, o que remete à consolidação de uma ancestralidade reconhecida e apreciada. Com isso, o artista realiza uma verdadeira “revisão iconográfica” de imagens fortemente relacionadas à sociedade oitocentista brasileira.